Eu imagino que hoje, nosso saudoso poeta Noel Rosa, estaria escrevendo e cantando seu desamor, pois quando acaba a admiração, o amor vira desilusão.
No alto do seu pedestal, a rainha ofusca o brilho de sua coroa ao cometer um erro que outro poeta já havia alertado.
O tempo não volta, assim como a palavra proferida, que veio como uma pedra atirada contra aquelas que estavam ali, paradas, não porque queriam ali estar, mas por que precisam se submeter a tais situações pra sobreviver. E não esperando ser humilhadas mais uma vez.
Ai, a carruagem passa e se ouve: “comeu morreu”...”ai, comeu morreu neh, irmâ?!”
Lamentável.....
O coração do poeta que já não bate mais, não sente a dor da tristeza. Mas a sua memória viva e sua poesia foi manchada por aquelas palavras mal ditas.
A Mangueira, que canta o amor indiscriminadamente, que tantas vezes abriu suas portas para os gays e recebe as trans com tanto respeito, não precisava dessa marca na sua história.
Mas o preconceito velado da rainha, não se revela em doença alguma.
A AIDS, não vai perguntar se você tem uma coroa na cabeça, se você é mulher, homem, trans, bi, tri ou tetra... nem o HIV e nem nenhuma DST tem preconceito.... não escolhe gênero, sexo, raça, cor, crença nem nada... Então se proteja!
ps: pra quem ta chegando agora e não entendeu nada, vou explicar o ocorrido:
ontem, em seu snapchat, a rainha da bateria da Mangueira, campeã do carnaval carioca em 2016 e a mais tradicional escola de samba do Brasil, postou um vídeo onde passa por uma avenida em que algumas travestis estão fazendo "ponto" e de dentro do carro, as pessoas gritam para elas: "e ai, comeu morreu!".... "comeu morreu heim, irmã!" e coisas do tipo... os dizeres são humilhantes, e deixam claro um ato de ridicularização, preconceito, transfobia e aqui fica registrado o meu repúdio a tal ato. Uma vez que essas palavras, tiveram a intenção de relatar que as travestis e transexuais seriam portadoras de doenças terminais... enfim.... quanta ignorância!!!! nem vou me prolongar....
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