Eu ainda
estava meio sonolento quando entrei no banheiro pra fazer xixi.
E no Box do
banheiro ele estava tomando banho, mas isso era habitual em nossa família, ninguém
nunca teve muita frescura com essas coisas. Todo mundo tomava banho com a porta
do banheiro apenas encostada, pra que alguém usasse o sanitário se tivesse
necessidade, já que só tínhamos um banheiro. Tinha muito amor e muita confiança
ali.
O Box de acrílico
escuro garantia privacidade para quem estava se lavando, mas ele não queria
privacidade alguma e aquele era o momento certo.
Domingo de
manha, todo mundo fora de casa, na feira, fazendo compras como culturalmente as
famílias paulistanas fazem, e então o caminho estava livre.
Ele abriu um
pouco a porta do box e me deu “bom dia” com um olhar malicioso.
Como eu
ainda estava com sintomas de sono, levantei do vaso e fui saindo sem dizer
nada, como se não tivesse visto nada.
Dei dois
passos meio que cambaleando em direção a porta, quando ele abriu toda a porta
do Box com uma mão, e segurou meu braço com a outra enquanto dizia baixinho:
-Vem Ca!
(voz ainda suave e maliciosa)
-Tenho uma
coisa aqui pra você, mas vai ser nosso segredinho... eu sei que você vai gostar
mais não pode contar nada pra ninguém ta! (ai a voz muda, fica mais grave e a Mao
que segurava meu braço agora aperta!)
Enquanto ele
me trazia pra dentro do Box ele usava a outra mão pra alisar seu pênis, que
estava duro, com pelos grandes e algumas bolhas de espuma.
Juntou meu
corpo ao seu, e começou a esfregar em mim seu membro. Me segurava pelo cabelo e
parecia se divertir olhando meus olhos estalados, e cara de pânico.
Logo ele
introduziu seu pênis na minha boca, e pedia pra eu não gritar, mas lágrimas já rolavam
dos meus olhos. A força da sua mão na minha nuca era enorme e me fazia ter ânsias,
eu cheguei a tossir e engasgar. Meus olhos estavam muito vermelhos, então ele parou,
me afastou contra a parede e gozou. Eu vi indo pelo ralo uma gosma branca, e
ouvia gemidos de satisfação, mas não sabia que aquilo tinha sido um orgasmo. Eu
tinha apenas onze anos*.
Também não
tinha entendido direito que eu havia sofrido uma violência sexual, pois nunca
ninguém tinha conversado comigo a respeito de nada disso, e eu já estava
virando adolescente.
O mais louco
de tudo isso, é a gente querer tratar um problema que vivemos agora, sem tratar
a causa dele lá atrás.
O estupro, a
violência sexual, a pedofilia, o estupro coletivo que hoje é o assunto do
momento e tantas outras violências que vemos todos os dias, vão continuar
acontecer até que o ser humano se olhe de igual para igual.
Não é pelos
trinta homens que estupraram a menina, e isso é uma violência contra a mulher,
e por conta disso vamos fazer leis mais rigorosas que as defendam. O problema
só vai mudar de nome. Infelizmente a falha é do ser humano em seu todo, e o
pensamento para as melhorias no mundo, não deve ser baseada em um gênero especifico.
As regras pra gente “viver /conviver/ sobreviver” em sociedade, tem que visar o
bem estar, e o limite do próximo, seja ele uma criança, que sofreu a vida
inteira calada e conviveu com seu abusador a vida toda sem dizer nada a ninguém,
ou um homem, ou uma mulher, ou um transexual, ou um gay, ou uma arvore! ....
orever!!!! Chega de rotular, segregar e arrumar as beradinhas..
Eu pelo
menos, estou cheia de ver isso!!!!!
Bad kisses....
*ps: quando
eu disse, “onze anos”, algumas pessoas podem achar que já seria algo normal nos
dias de hoje, pelo que vemos por ai. Mas esta história, que relativiza os casos
atuais de violência sexual, foi escrita baseada em “fatos reais”.
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