Começa a partida!
Dado o ponta pé inicial no jogo da vida e a bola rola pra
baixo do tapete, junto com nossos direitos civis. Entre um passe e outro, a gente vai tentando armar as jogadas pra
continuar de pé na partida, mas não é fácil.
É o pastor camisa 13 que já chega dando um carrinho, com
seus argumentos falidos nos cravos da chuteira, mas o juiz não marca nada!
Driblamos o preconceito pela direita, a marginalização pela
esquerda, e no meio lá vem outro jogador com aquele velho enredo da
prostituição, mas a bola sai pela lateral.
Nova estratégia, lateral cobrado e a bola vai parar na
burocracia, e ai é falta!
Bate boca que não para, a garota só queria ser chamada pelo
seu nome social e não o de batismo. Falta marcada, mas não era pra cartão!
Falta cobrada e a bola para na barreira do constrangimento. Jogadora
caída na área, não agüentou o tranco e se suicidou. Retirada de campo, a
partida continua.
O jogo vai esquentando, e é porrada que vem de todo lado,
principalmente da intolerância.
Mas o adversário que ataca sem dó, esquece que dentro de um
transexual, já existiu um homem tão forte quanto ele, que pra ta no jogo, teve
que ter muito peito! Seja de silicone ou resultado do seu tratamento hormonal, esse time treinou direitinho pra enfrentar seus oponentes, e tem suas
jogadas ensaiadas pra lidar com a imagem que criaram pra ele, e vai mudar isso
no próximo lance.
Mas é derrubada na área do mercado de trabalho, e ai é pênalti!
Ela tenta se levantar, se prepara, se profissionaliza, corre
atrás, se concentra e chuta!
Na trave.......
O juiz apita o final do primeiro tempo. Aponta o meio de campo,
e está tudo empatado em zero a zero.
Mas o segundo tempo vai ter mudança, porque esse time veio
com garra! E não ta pra brincadeira.
Raissa Rosseto.
Texto muito bom, com analogias perfeitas ;-)
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